sábado, 26 de março de 2016

Um Croque Monsieur em Pau

Place Georges Clemenceau, Pau - 2008
De todas as vezes que viajámos para França apenas duas coisas estavam garantidas: a data da partida e o lugar onde dormiríamos a primeira noite.
Boa parte dessas "primeiras noites" foram dormidas em Pau, cidade de que guardo boas recordações, apesar de a conhecer mal.
Basicamente chegávamos ao motel, registávamos a entrada e dirigiamo-nos até ao centro da cidade a pensar em comer qualquer coisa.
Normalmente, estacionávamos o carro junto à Place Georges Clemenceau e "abancávamos" no La Coupole, um café / cervejaria, onde comíamos grande parte das vezes um croque monsieur ou um croque madame.

Fosse do cansaço da viagem ou fossem as tostas mesmo boas, o facto é que, quando nos aproximávamos de Pau, começávamos a antecipar o almoço tardio no La Coupole.

Depois dessa refeição ligeira, com a barriga mais aconchegada, voltávamos para o quarto, para dormir e descansar da noite em branco, consequência da travessia de Espanha.

Ao fim da tarde, já mais recompostos, voltávamos ao centro, estacionávamos novamente o carro mais ou menos no mesmo local, e então passeávamos pelas ruas que nos levavam até ao castelo.
Algures lá no meio ou novamente no La Coupole jantávamos e regressávamos de novo ao nosso quarto para dormir e, na manhã seguinte, prosseguir a viagem.

Curiosamente, destas passagens por Pau, para além de uma ou outra rua, apenas associo à cidade o La Coupole e uma outra loja, a Nature & Découvertes, uma loja de "natureza" ("Cadeaux nature pour la maison et le jardin : jouets, livres, décoration intérieure, parfums d'intérieur, stations météo, matériel pour la randonnée et l'observation"), local onde costumávamos entrar e perder um bom bocado a ver os objectos e os livros que lá estavam à venda.

A mudança da rota de férias fez com que Pau.deixasse de ser o nosso local de pernoita.
No entanto, após alguns anos, em 2008, regressamos à cidade, desta vez em final de dia, no percurso contrário, ou seja, no regresso a casa.

O tempo estava chuvoso, mas a expectativa do reencontro de sabores conhecidos faziam com que o clima não fosse relevante.
A praça, outrora basicamente um parque de estacionamento, estava agora arranjada e transformada numa agradável zona pedonal.
A Nature & Découvertes continuava igual a si própria. Mas o La Coupole já não existia. No seu lugar estava uma agência bancária.

Frustrada a nossa expectativa de comer uma bela tosta (madame ou monsieur), acompanhada por uma boa cerveja de pressão (limonada para os "menores"), foi debaixo de uma (agora chata) chuva miudinha, que rumámos em direcção ao castelo para, num dos restaurantes circundantes, jantarmos qualquer coisa.

Depois dessa passagem nunca mais regressámos a Pau. No entanto, mesmo passados tantos anos, ainda me vem à memória a esplanada de café, igual a muitas outras, mas onde a cerveja a copo e o croque tinham um sabor muito especial.
Sabiam a inicio de férias.


Informação adicional em:
Pau
Pau na Wikipédia
O Croque Monsieur
Uma variante - O Croque Madame
Outra versão do Croque Madame

sábado, 19 de março de 2016

A muralha debaixo da igreja

Muralha de D. Dinis, Lisboa - 2014
Ouvi falar pela primeira vez na muralha de D.Dinis no lugar em que menos o esperaria. Na página Web do Banco de Portugal.

Julgo que estava à procura do câmbio de uma qualquer moeda quando me chamou a atenção um link que destoava completamente dos restantes: A Muralha de D.Dinis (hoje substituído pelo link do museu do dinheiro).

A minha curiosidade levou-me a seguir por ele. Descobri que não estavam a enganar ninguém. Era, de facto, uma ligação para onde dizia. Mais concretamente para a informação referente à descoberta de parte da muralha de D. Dinis e à exposição existente em torno da mesma.

Sendo visitável, decidimos, num sábado de manhã, ir até lá ver o que era.

A muralha fica por baixo da Igreja de S. Julião, no largo do Município, em Lisboa. A igreja, dessacralizada há muitos anos, é pertença do Banco de Portugal, razão do link na sua página principal.

Para visitar a muralha temos de entrar pela igreja e descer a uma espécie de cripta, uma vez que a parte visível da muralha fica alguns metros abaixo do nível do chão.

A zona de visita resume-se, basicamente, a um corredor com talvez uns 25 metros de comprimento, parte dos quais ao longo de um pedaço da dita cuja muralha.

Dito assim, poder-se-ã pensar que a visita é algo de desinteressante e/ou rápido. Mas não. O guia que nos acompanhou "ocupou-nos" mais de meia hora com a descrição histórica do local, da muralha, da sua ligação ao dia-a-dia dos habitantes da zona e ao desenvolvimento da cidade, bem como à descrição de alguns dos objectos encontrados e ali expostos.

Para quem pensar que um "muro" é apenas um muro e não mais do que um muro, que se desengane.
Vá visitar a dita muralha e descubra que um "muro" pode não ser só um muro. Pode ser bem mais do que um muro.


Informação adicional em: