quinta-feira, 25 de abril de 2019

Parquímetros

Exposição Franquin - Paris - 2005
Um destes dias fui abordado por um jovem estrangeiro que me pediu para o ajudar a resolver um problema: tinha o carro bloqueado por não ter pago o parquímetro e não sabia quem contactar.

Esta situação lembrou-me da necessidade de estacionar o carro, em muitas das viagens que fomos fazendo ao longo dos anos, bem como da necessidade cada vez maior de regular a convivência no espaço urbano entre os peões e os carros.

As primeiras viagens que fizemos aconteceram ainda no tempo em que não sabia o que era um parquímetro. Estacionava-se o carro no primeiro “buraco” em que ele coubesse, desde que não impedisse o transito, e pronto, íamos à nossa vida. Por isso, para esta questão, vou ignorar esse período.

Foi numa das várias idas a Santiago de Compostela que me questionei, pela primeira vez, desta necessidade de convivência. Não que na altura esta questão se me colocasse, mas sim porque fui "obrigado" a tal.

Nas nossas primeiras viagens a Santiago estacionamos ainda no largo da Catedral, na Praça do Obradoiro.
Aos poucos o espaço de estacionamento foi sendo interditado, passando nós a estacionar, primeiro na Rua de San Francisco e depois na Av. Xoán XXIII.
No entretanto, construíram um enorme parque de estacionamento, paralelo à referida avenida.

Foi então que, num belo dia dos anos 80, ao chegarmos à Av. Xoán XXIII, esta estava completamente vazia. Estranhamos o facto mas estacionamos na mesma.
Foi com esta estranheza em mente que nos fomos afastando do carro e foi a mesma que nos fez regressar de novo ao carro e procurar outro lugar de estacionamento, numa das ruas vizinhas.
Após estacionarmos o carro, regressámos, agora a pé, ao lugar onde anteriormente o tínhamos parado, rumo ao centro da cidade.

Curiosamente, nesse mesmo lugar, estava já outro carro estacionado.
Enquanto íamos seguindo o nosso caminho e nos aproximávamos deste carro, comentámos que, se calhar, tínhamos chegado mais cedo que o normal e, por isso, não haveria ainda carros ali estacionados.
Foi então que vimos aproximar-se um reboque da policia, e qual troca de pneus numa prova de Formula 1, levantou o carro estacionado, prendeu-o ao reboque e, num ápice, levou-o para dentro do estacionamento.
Estava explicada a “limpeza”. Após a criação de parques, a Cidade de Santiago decidiu regular o estacionamento indevido e desimpedir as ruas (constatámos mais tarde haver um sinal de proibição de estacionamento no inicio da rua).

Este episódio, para nós inesperado e um pouco inusitado, fez-nos discutir e pensar sobre o tema.
Concluímos que a edilidade tinha razão. Para se usufruir da cidade, o estacionamento tem que ser regulado. O espaço público existente não tem que, necessariamente, estar ocupado pelo mais ‘forte’ (o carro), nem, como condutor, tenho de esperar poder estacionar em qualquer lugar, junto ao meu destino.
Assim, ao deslocar-me a um qualquer lugar, para estacionar o carro, não me posso admirar se tiver que o deixar apenas onde está estipulado, e poder ter de pagar pelo espaço.
Desde essa data foi esse o nosso entendimento e não nos temos dado mal com ele.

Graças a este episódio e a esta reflexão, em férias posteriores, quando nos aventurámos a ir até França, país em que os parquímetros são como cogumelos, não perdemos demasiado tempo, nem paciência, na procura de um sitio para ‘largar’ o carro e visitar o lugar.
Houvesse um parque de estacionamento ou um lugar de parquímetro e era ali que o carro ficava.

O problema agora passou a ser outro: ter moedas! 
Mas isso são outras histórias.

Sem comentários: