terça-feira, 17 de março de 2020

Viajar… em binário

2005 - Paris - Conciergerie
Nestes tempos de pandemia, diz-nos a razão de que devemos ficar em casa. O problema é que a perspectiva de ficarmos confinados a horizontes “curtos” nos faz desejar querer alargá-los.
Quem, como eu, está sempre pronto para ver o que se esconde atrás da linha do horizonte, as próximas semanas, senão meses, avizinham-se problemáticas.

É certo que tenho acesso a um quintal, onde me posso ir entretendo a arrancar ervas daninhas (sorte de que nem toda a gente se pode gabar de ter). No entanto tenho a certeza de que tal tarefa não me vai ocupar o tempo todo.
Não só porque não é o trabalho dos meus sonhos, como o quintal não é assim tão grande, nem o crescimento das ditas ervas assim tão rápido.
Por essa razão tenho que pensar em ocupar-me com mais qualquer coisa.

Enquanto ia ocupando os meus pensamentos com esta questão (outra forma de passar o tempo), vieram-me à cabeça os versos de uma velha música do Sérgio Godinho, “E então tu olhaste / Depois sorriste / Abriste a janela e voaste” (in “A noite passada”).

Primeiro esta passagem fez-me ficar com uma pequena inveja por não poder fazer o mesmo (o voar, claro, porque tudo o resto ainda me é permitido). Depois pus-me a pensar se não estaria a ser um pouco piegas, ou armado em “menino mimado”.

Nos tempos que correm, mesmo fechado numa sala, tenho possibilidade de “abrir uma janela e voar” (obviamente no sentido figurado).
Se no século passado, o mais próximo que tínhamos de uma “janela para o mundo” eram os livros ou as revistas, ou eventualmente a televisão, hoje, quando se tem acesso a um computador com ligação à Internet, os limites são um bom bocado mais alargados.

Na Internet não há só noticias, redes sociais ou músicas. Existe de facto um mundo. Mais concretamente existe um mundo da Google, o Google Earth.

Quando apareceu (e já lá vão muitos anos) foi uma curiosidade. Ver a terra de cima (muitas das vezes com uma definição que deixava muito a desejar), era algo de novo e interessante. Mas, passada a novidade, esta aplicação saiu do meu “radar”. O mais próximo que utilizava era o Google Maps, mas mais pelos mapas do que pelas imagens de satélite.

Agora, nesta minha demanda por ter algo com que me entreter, regressei lá.

Confesso que passei um bom par de horas a “viajar” e descobrir o mundo.
A versão actual, não só nos permite continuar a ver as imagens de satélite, como também nos propõe jogos e visitas a locais, ou conjuntos de locais (agregados por situação geográfica ou por tema), através do Street View.

Claro que se pode sempre dizer que não é a mesma coisa. Mas pelo menos permite-nos acalmar a sensação de fechamento, e ir “viajando” por muitos outros lugares... e permitir que as ervas voltem a crescer, garantindo-me mais algumas horas de ocupação.


Nota:
o modo Street View tem também a possibilidade de visitar o interior de alguns museus ou edificios, como os que aqui se seguem, a titulo de exemplo


existe ainda o Google Arts & Culture

no entanto, como alguns só têm “visitas” próprias, deixo também aqui os acessos


e há também aqueles museus que nem sequer existem fisicamente




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