domingo, 4 de outubro de 2015

A Donzela de Orléans

Chinon, França - 2002
Quando chegámos a Chinon fomos surpreendidos por esta espectacular escultura.
A surpresa foi ainda maior quando nos apercebemos de que a personagem nela representada era Joana d'Arc.

Joana d'Arc é talvez uma das personagens mais comuns na estatuária francesa. Quem viaja por França facilmente "esbarra" numa imagem sua, seja numa grande cidade, seja numa humilde vila.
Se procurarmos num jardim, numa praça ou numa igreja, em algum deles a vamos encontrar.
Paris tem uma (pelo menos), equestre e dourada, junto ao Louvre, na place des Pyramides (aliás alvo de uma jocosa referência, nas aventuras de Adéle Blanc-Sec, de Tardi).

Curiosamente, este constante cruzar de caminhos com imagens de Joana d'Arc, nunca me tinha levado a procurar saber mais sobre ela. Até agora.
Face a tão poderosa visão colocou-se-me a questão: afinal quem é esta "donzela"?

Entre o que eu já sabia e o que entretanto descobri, de uma forma muito resumida e livre, aqui fica a sua história:
Filha de agricultores, nasceu em Janeiro de 1412, em Domrémy (mais tarde Domrémy-la-Pucelle) na Lorena.
Aos 13 anos começa a ouvir vozes que a incitam a frequentar a igreja e a tornam numa devota fervorosa. Aos 16, em plena Guerra dos Cem Anos, as referidas vozes dizem-lhe para ir ao encontro de Carlos VII, que se encontrava aqui, em Chinon, para libertar Orléans. E assim fez.
Desse encontro saiu a comandar um exército de 4.000 homens, rumo a Orléans, cidade que conquistou, dando início a um ciclo de muitas vitórias militares.
Quis então o destino que a guerra abandonasse o plano militar para se centrar mais no plano politico e diplomático.
Ao continuar a dar ouvidos às vozes que a atormentavam, tornou-se numa personagem incómoda para o rei.
Para sorte dos franceses e azar seu, foi capturada pelos opositores do rei e entregue aos ingleses. Estes rapidamente a acusam de bruxaria e mandam-na queimar, pondo assim fim à sua aventura.

Em 1920, após ter sido reabilitada, foi canonizada pelo Papa Bento XV, e em 1922 foi declarada padroeira de França, dando origem à proliferação das estátuas.

Na iconografia mais comum, ou aparece amarrada a um poste, a ser devorada pelas chamas, ou segurando uma espada e/ou um estandarte, ora a pé, ora a cavalo, mas sempre numa atitude entre o sonhador, o piedoso, ou o sofredor.
Uma ou outra imagem podem ser curiosas mas, na sua grande maioria, não passam de mais uma versão do "já visto".
Mas nada como aqui.

Esta escultura, feita em 1893 por Jules Roulleau, transmite determinação, força e movimento. Claro que o mérito é do artista, não da personagem.

À personagem, quanto muito, perdura o azar. A espaçosa praça onde a estátua foi colocada é hoje um parque de estacionamento.
Resta-lhe talvez continuar a sua cruzada, já não contra os ingleses mas agora contra o excesso de automóveis que a cerca.


Informação adicional em:
Joana d'Arc na Wikipédia
Chinon

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