sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ir


Terras altas - Escócia - 2006

Há quem não goste, há quem não queira e há quem não possa. Finalmente há os que gostam e vão, como podem. Falo de viajar. De ir.
Durante muitos anos sonhei em conhecer novos lugares ou, simplesmente, ver in loco os lugares de que apenas conhecia fotografias ou documentários (a preto e branco, porque essas eram as cores da televisão da altura). As distâncias eram lentas ou caras, e as fronteiras difíceis de transpôr.
Durante muitos anos as minhas idas foram a lugares “perto”. No entanto todas elas me trouxeram sensações novas, agradáveis e, acima de tudo, enriquecedoras.

Até aos meus 18 anos os meus limites geográficos foram curtos: Palmela a Sul, Coimbra a Norte e Tomar a Este. Mesmo assim um privilegiado comparado com outros colegas. É certo que também tinha colegas que iam para a Serra da Estrela, ou o Algarve, ou até a Espanha, mas esses eram a excepção (que me causavam alguma inveja, mas também os que me faziam sonhar com viagens). Havia ainda os que iam à terra da familia, onde quer que ela fosse. Mas estes não contavam porque não traziam histórias interessantes para contar.

Com o 25 de Abril a informação passou a circular mais. O conhecimento do mundo aumentou, assim como a consciência do País. O sonho do meu irmão (e também o meu) era fazer uma viagem de Interrail, Europa fora. Mas, por muito em conta que o bilhete fosse, era sempre caro. E o limite de idade “baixo” para as nossas aspirações (mesmo quando este foi aumentado).

Algum dinheiro ganho em trabalhos de Verão e uma idade mais adulta, permitiram incursões mais arrojadas país fora. Da forma mais económica possível, claro. De preferência à boleia (na altura ainda era seguro), embora o comboio ou a camioneta pudessem ser opção (especialmente depois de se ter estado onze horas de polegar esticado, num mesmo sítio, sem conseguir boleia).
Mais tarde, com um rendimento regular, melhores meios e a constante vontade de ir, fui fazendo com que esse horizonte se fosse alargando cada vez mais, não tanto, nem ao ritmo de que gostaria, mas já de uma forma irreversível.

Já estive em alguns dos sítios com que sonhava, outros de que nem conhecia a existência. No entanto a lista dos lugares desejados ainda mantêm boa parte dos iniciais, agora acrescida de mais uns quantos.
Não sei quantos lugares mais conseguirei visitar, mas já não me posso queixar. Já estive e vi mais do que imaginei poder, na minha juventude. Agora, através da escrita e das fotografias, tento ir revisitando esses lugares e esses momentos, mantendo sempre esta vontade de ir.

Sem comentários: