sábado, 3 de maio de 2014

Não há viagem sem sabores

Ploughman's Lunch, Londres - 2010

Já aqui se escreveu sobre café e sobre cerveja, mas sobre aquilo que se come, nada!
E o facto é que comer, experimentar cheiros e sabores, é um dos grandes prazeres da viagem.

Já comemos um pouco em todo o lado – restaurantes, cervejarias, cafés, bares, comboios e barcos, jardins e praças, sentados em cadeiras confortáveis e em degraus de escadas, na relva ou no chão. Até num cemitério. Mas a verdadeira atmosfera está nos mercados.
Os mercados são sítios maravilhosos, cheios de gente, de cor e de cheiros, que nos despertam os sentidos e nos deixam na memória uma mistura de recordações e sensações. Houve o mercado de Cardiff onde comprámos uns Cornish pasties de lamber os dedos, e que comemos sentados em bancos de pedra no cemitério da igreja; o mercado de Salzburgo, onde comemos em pé, com pequenos garfos de madeira, as melhores salsichas de sempre; o de Nuremberga, onde comi as melhores azeitonas que se possa imaginar; o de Helsínquia, onde almoçámos salmão e rena seguidos de morangos doces da Lapónia; o de Notting Hill, onde comemos algo que ainda hoje estamos para adivinhar...

Para além destes, houve inúmeros outros momentos cheios de sabor: os fish and chips de rua, a escaldar-nos as mãos num fim de tarde frio e nevoento em Salisbury; os jantares extraordinários no mercado gastronómico do Festival de Música e Ópera em Viena, verdadeiro festival de sons e aromas; os cabecou (queijinhos de cabra) levemente grelhados, numa esplanada em Rocamadour; a pequena loja num cais no sul da Dinamarca, onde comemos peixes fumados deliciosos; os belíssimos pratos e pinchos no Camilo, em Santiago de Compostela, e as saladas belíssimas no Fazer, em Helsínquia; o monumental ploughman’s lunch num pub em Edinburgo; as galettes e a cidra em Saint-Malo.
Há ainda os restaurantes e cafetarias de museus e bibliotecas. Guardamos deliciosas recordações do Museu Nacional em Copenhaga, do Arctic Centre, em Rovaniemi, do Observatório Astronómico de Helsínquia, do Storytelling Centre em Edinburgo.

E há ainda todas as paragens da viagem e os pequenos restaurantes suspensos no tempo, com bancos largos dos anos 50 e música em surdina; as padarias e pastelarias, com montras que parecem dizer-nos “come-me!”; a estação de serviço em Leeds, onde comprámos fora de horas um jantar improvisado de sandes, num suceder de incidentes hilariantes; e os pubs e inns, em pequenos lugares algures em Inglaterra, onde os pratos nos surpreenderam pelo sabor inesperado e requintado.

Ah! Também há a comida servida no avião... mas é melhor não falarmos nisso.

De há uns anos para cá habituámo-nos a fotografar os pratos que nos servem: em muitos casos a apresentação cuidada e a variedade dos ingredientes são uma constante, mesmo nos pequenos restaurantes, e, se os olhos também comem, guardemos para sempre a recordação do momento.

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