domingo, 3 de maio de 2015

Passeios de domingo

Londres, Inglaterra - 2010
Foi num domingo de Agosto. 
O metro tinha-nos deixado junto à praça de Trafalgar. O dia estava solarengo, convidando a passear, ou seja, enfiarmo-nos num qualquer museu ou edifício estava fora de questão.

Antes de sairmos do hotel tínhamos tomado, calmamente, um substancial pequeno almoço, pelo que a ideia de caminhar pelas ruas, sem um destino específico, fugindo dos turistas e da confusão, foi uma opção unanimemente aceite.

Depois de andarmos algum tempo ao acaso, demos por nós na City, numa qualquer praça secundária, no meio de uma mistura de edifícios modernos e antigos.

O facto de não ser um dia de trabalho dava àquelas ruas, e particularmente aquele lugar, uma calma pouco habitual, fazendo-me lembrar as manhãs de domingo da minha infância, quando não se via vivalma na rua por estar tudo ainda a preguiçar em casa. 
Não fosse o ruído de fundo de um longínquo trânsito automóvel e eu diria que só faltava mesmo ouvir o cantar de um canário numa gaiola, pendurada numa qualquer janela, para o paralelismo ser perfeito.

Enquanto estava neste meu pensamento nostálgico, o meu olhar foi percorrendo os edifícios que nos circundavam, quiçá na esperança de ver uma janela onde colocar o dito canário.
Foi nesse deambular pelas fachadas que me apercebi de algo inusitado.
Num dos edifícios mais afastados, aí pelo que seria um sétimo ou oitavo andar, estavam três figuras penduradas em cabos que vinham do telhado.

Primeiro quase imóveis, davam a sensação de que estariam ali reunidas para apanhar um pouco de ar e sol e conviver umas com as outras.
Passado um pouco desceram lentamente mais uns "andares", fazendo nova pausa.

A visão era estranha embora curiosa e serviu para umas breves trocas de comentários entre nós.
De facto, porque não aproveitar os enormes edifícios de escritórios, quando estes estão "adormecidos", para actividades de lazer? E se não temos montanhas por perto, porque não praticar "alpinismo" e/ou escalada numa cidade?

Passado o impacto do inesperado fiquei com alguma inveja daquele grupo. Para além do desporto em si, a perspectiva da cidade, durante todo o percurso, deveria ser fantástica, partindo do principio de que não iria ter vertigens e ficar colado ao chão, no telhado.

Depois de comentarmos entre nós a curiosidade do facto seguimos o nosso percurso domingueiro, na descoberta de outras facetas de uma Londres desconhecida.


PS: Espero que a minha interpretação dos factos esteja correcta e não tenha sido testemunha de nenhum assalto arrojado.

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