Ry - Dinamarca - 2009 |
Nos momentos em que me armo em "velho saudosista" e descrevo a minha infância à minha filha, relembro-lhe com frequência o dia da Volta a Portugal.
Quando era miúdo havia um dia no ano em que a Volta a Portugal passava cá na terra. Como na altura não havia hipótese de ir a grandes acontecimentos desportivos (ou outros), ou porque não os havia, ou porque aconteciam noutro país ou em Lisboa, a Volta tinha o condão de nos colocar no meio do acontecimento.
E apesar de ainda hoje ser um evento desportivo relevante, na altura era "O Evento".
Se nos distanciarmos um pouco, apercebemo-nos que todo o entusiasmo se passava à volta de uns escassos minutos (a menos que houvesse uma fuga e então tínhamos o dobro do espectáculo). Mas pareciam valer por uma vida.
Primeiro tínhamos que conseguir um bom lugar. Depois começava a espera.
Falava-se com os amigos, discutiam-se os últimos acontecimentos da Volta, alguém com um "transístor" ia dando noticia dos desenvolvimentos da corrida e eis que o circo começava. Um ou dois batedores da policia passavam de mota a apitar e a afastar as pessoas da estrada. Depois vinham umas carrinhas dos patrocinadores da Volta que atiravam coisas (normalmente chapéus de papel para montar, embora por vezes atirassem amostras de produtos), o que nos fazia andar a correr de um lado para o outro a tentar apanhar qualquer coisa, antes dos outros. Um pouco depois começavam a passar mais batedores e carros de apoio. Por fim, os ciclistas, com aquele ruído característico dos carretos das bicicletas a rodar.
A multidão, entusiasmada gritava e batia palmas, a dar ânimo a quem competia. Por último passavam mais uns quantos carros de apoio e o imprescindível 'carro vassoura', a indicar que o espectáculo tinha terminado.
E pronto. Depois sobravam-nos os dias seguintes para relatar aos nossos amigos o que é que tínhamos visto, e exibir os 'prémios' que tínhamos apanhado.
E pronto. Depois sobravam-nos os dias seguintes para relatar aos nossos amigos o que é que tínhamos visto, e exibir os 'prémios' que tínhamos apanhado.
No ano seguinte haveria mais.
Julgo que toda esta descrição empolgante nunca entusiasmou muito a minha filha. Deverá ter achado engraçado (espero) mas pouco mais.
Até que um dia esta realidade lhe caiu em cima.
Até que um dia esta realidade lhe caiu em cima.
Estávamos de férias na Dinamarca quando paramos em Ry para almoçar. Estacionado o carro no primeiro parque de estacionamento que encontramos, no caso, junto à estação de caminho de ferro, e encaminhamo-nos para as ruas mais centrais (julgo eu).
Numa rua mais larga havia alguns transeuntes parados na borda do passeio. Já não sei como, soubemos que a espera era para ver a passagem dos corredores da Volta à Dinamarca em bicicleta.
Decisão rápida, aguardámos a passagem dos ciclistas.
E foi então que me senti a reviver o passado: os batedores da polícia, os carros dos patrocinadores a atirar amostras para quem aguardava os ciclistas e a minha filha a "correr" e a apanhar algumas delas (e a competir com um senhor que já tinha idade para estar quieto, em vez de lhe ficar com um porta-chaves de pôr ao pescoço).
Depois de alguma espera lá passaram os corredores, em dois grupos, para nosso deleite.
Durante uns momentos ouviu-se o mesmo entusiasmo dos espectadores e o caracteristico ruído dos carretos das bicicletas.
Após a passagem do "carro vassoura" a acalmia voltou e nós fomos almoçar, conforme previsto.
Não fosse a "Volta" e julgo que não me recordaria mais desta pequena vila dinamarquesa.
Deste episódio ficou a experiência da passagem da Volta, que agora partilho com a minha filha.
Para além dos vários pacotes de pastilhas elásticas que de vez em quando encontro, no meio de uns quaisquer papeis de férias.
Numa rua mais larga havia alguns transeuntes parados na borda do passeio. Já não sei como, soubemos que a espera era para ver a passagem dos corredores da Volta à Dinamarca em bicicleta.
Decisão rápida, aguardámos a passagem dos ciclistas.
E foi então que me senti a reviver o passado: os batedores da polícia, os carros dos patrocinadores a atirar amostras para quem aguardava os ciclistas e a minha filha a "correr" e a apanhar algumas delas (e a competir com um senhor que já tinha idade para estar quieto, em vez de lhe ficar com um porta-chaves de pôr ao pescoço).
Depois de alguma espera lá passaram os corredores, em dois grupos, para nosso deleite.
Durante uns momentos ouviu-se o mesmo entusiasmo dos espectadores e o caracteristico ruído dos carretos das bicicletas.
Após a passagem do "carro vassoura" a acalmia voltou e nós fomos almoçar, conforme previsto.
Não fosse a "Volta" e julgo que não me recordaria mais desta pequena vila dinamarquesa.
Deste episódio ficou a experiência da passagem da Volta, que agora partilho com a minha filha.
Para além dos vários pacotes de pastilhas elásticas que de vez em quando encontro, no meio de uns quaisquer papeis de férias.
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