Viking Ship Museum, Roskilde, Dinamarca - 2009 |
Quando era pequena - e mesmo já não tão pequena - tinha uma paixão pelos Vikings.
Imaginava-os altos e louros, de olhos imensamente azuis, temíveis, cheios de força e energia, em busca de outras terras, em barcos de uma beleza e elegância extraordinárias. As histórias de saques e assaltos violentos punham-me algumas dúvidas na alma, mas enfim, nos séculos em que tinham vivido, esses episódios eram o "pão nosso de cada dia".
Nunca desapareceu por completo, essa paixão.
A História mostrou-me outros aspetos da cultura viking: a beleza dos ornamentos e das jóias, o papel das mulheres na sociedade, a aventura e as descobertas para além dos mares conhecidos. Uma cultura que produz beleza e permite que as mulheres ocupem um lugar importante na família e na sociedade, não pode ser tão 'primitiva' e tão violenta como os cronistas afirmaram. Claro que pode. A conquista de território e a afirmação de um povo têm passado invariavelmente por episódios de uma crueza extrema que não se limitam à Idade Média nem a povos visivelmente guerreiros.
A paixão nunca morreu. Reacendeu-se mesmo, na proximidade, quando fui à Dinamarca.
A Dinamarca estava, aparentemente, cheia de vikings - altos e louros, de olhos azuis, mas de uma pacatez extraordinária, de uma calma e de uma discrição que poucas vezes tinha visto. O que me encantou na Dinamarca foi a modéstia e a calma de gente que descalçava os sapatos na rua para andar mais à vontade, e bebia um copo de vinho no jardim, sentada na relva, depois de sair do emprego. Os herdeiros dos vikings pareciam ter uma serenidade e uma modéstia imbatíveis.
O Museu Nacional em Copenhaga mostrou-me objetos extraordinários - jóias, pedaços de tecido com mais de mil anos que tinham conservado o padrão, instrumentos musicais estranhos, carroças e utensílios belamente decorados.
E em Roskilde pude ver barcos - os barcos que continuo a considerar os mais belos e elegantes de sempre, que atravessaram o atlântico antes de sonharmos que havia terra do lado de lá.
Parece que os Vikings estão, agora, na moda. Para além da sua histórica 'ferocidade', os Vikings estão a ser descobertos como um povo com uma cultura rica e requintada, que deixou marcas um pouco por todo o lado: da Dinamarca à Grã-Bretanha e à Irlanda, com quem partilham uma história comum, da Rússia a Sevilha, de Istambul a Lisboa, da Normandia à Póvoa de Varzim.
A marcar a nova invasão dos Vikings está a exposição espantosa do Museu Britânico, que revive uma parte substancial da própria história britânica.
Na memória coletiva os vikings serão sempre 'o terror' de que fala um velho poema irlandês:
Bitter is the wind tonight.
It tosses the ocean's white hair.
Tonight I fear not the fierce Northmen warriors
It tosses the ocean's white hair.
Tonight I fear not the fierce Northmen warriors
coursing on the Irish Sea.
Viking Ship Museum
The British Museum - The Vikings
Os Viking hoje - A Viagem do Sea Stallion
Ancient Irish Poetry, Transl. Kuno Meyer
Viking Expansion - Iberia
Siglas Poveiras
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