Sem grandes responsabilidades, dois subsídios de férias disponíveis, uma tenda canadiana, um Fiat 600 e muita curiosidade, e estavam reunidas todas as condições para o sucesso da empreitada. O único "senão" era o período de férias. Basicamente Agosto. Eventualmente um dos piores meses para passear.
Mas sem contrariedades não há história.
Nos anos 80 conheci boa parte do norte e interior do país. Andámos por estradas asfaltadas ou de paralelipipedos, por festas e romarias. Andámos pelos mais diversos lugares, visitámos cidades e lugares históricos ou que de alguma maneira tínhamos curiosidade em conhecer,
Conheci um país alegre mas pobre. Um país onde não se dava grande valor ao património histórico, cultural e/ou arquitectónico (ou esse valor não era visível). Um país degradado e, de alguma forma, abandonado.
Os museus eram amontoados de peças que alguém (em desespero de causa?), de alguma forma tentara conservar. Normalmente quem nos acompanhava na visita pouco mais sabia sobre as peças do que o que figurava nas legendas, já por si, por vezes, parcas.
Com o passar dos tempos as estradas foram melhorando, o Fiat deu lugar a um Opel Corsa, passou a haver dois condutores (eu tirei a carta de condução) e os horizontes foram-se alargando e atravessando fronteiras.
O contacto com países mais ricos e, de alguma forma mais evoluídos, vieram pintar a realidade nacional de uma forma ainda mais triste. Apercebi-me de que o património degradado não tinha que ser uma fatalidade, de que os lugares podiam ser mais limpos e de que a cultura podia ser rentabilizada garantindo a sua conservação.
Para além do óbvio interesse por lugares novos, esta diferença de tratamento dos lugares e das coisas fez-nos "apetecer menos" visitar a nossa terra, optando por paragens mais longínquas.
Esta opção criou uma curiosa situação. A nossa filha conhecia melhor França do que Portugal.
Tentando inverter esta "anomalia" voltámos, sempre que possível, a relembrar o país que conhecêramos, agora bem mais pequeno graças às autoestradas.
Foi assim que em 2007, no feriado do 5 de Outubro, regressámos a Guimarães. E a surpresa não podia ser melhor.
O castelo e o Paço, ex-libris da cidade continuavam imponentes, estando bem tratados, assim como o espaço em seu redor, O museu Morais Sarmento mantinha-se fiel ao seu aspecto dos anos 50 mas mais desanuviado, arrumado e com mais informação (embora o funcionário que nos acompanhou na visita tivesse uma estranha fixação pelas suásticas que decoravam várias peças romanas).
No entanto a grande diferença estava na cidade em si.
Todo o centro histórico estava a ser de alguma forma recuperado, devolvendo à cidade a sua condição de antiga (e não de velha, como já parecera), fazendo-nos apetecer vaguear pelas suas ruelas estreitas.
Foi com agrado que registei a mudança e é com agrado que, cada vez mais, encontro uma preocupação na valorização do nosso património nas diversas incursões que vou fazendo por este Portugal fora.
Quanto à forma, essa nem sempre será consensual. Mas isso é outra discussão.
Todo o centro histórico estava a ser de alguma forma recuperado, devolvendo à cidade a sua condição de antiga (e não de velha, como já parecera), fazendo-nos apetecer vaguear pelas suas ruelas estreitas.
Foi com agrado que registei a mudança e é com agrado que, cada vez mais, encontro uma preocupação na valorização do nosso património nas diversas incursões que vou fazendo por este Portugal fora.
Quanto à forma, essa nem sempre será consensual. Mas isso é outra discussão.
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