Helsínquia, Hotel Katajanokka - 2013 |
Não encarámos esse facto como um “downgrading”, uma
perda de prestígio, ou uma desgraça e um sacrifício. O campismo tem sido uma
forma de viajar ao longo de muitos anos e temos uma especial afeição pela nossa
tenda de montanha. E, garanto, acampar, principalmente
em montanha, proporciona vivências e prazeres que dificilmente são conseguidos
de outro modo, a começar pela sensação de liberdade.
Mas o facto é que, se durante muitos anos viajámos
fora dos centros urbanos, fomos percebendo que se queríamos ver outras coisas
que também nos dão prazer teríamos de “regressar à cidade”. Acampar não é uma
opção, em muitos casos, o que não impede que a primeira vez que estivemos em
Londres tivéssemos acampado em Crystal Palace, em Edinburgo num castelo, e em
Paris no Bosque de Bolonha.
O facto é que acabámos à procura de outras opções –
e os hotéis que ocupam quarteirões inteiros não são a nossa primeira escolha.
Os hotéis também têm atrativos para além da localização: o pequeno almoço, o conforto em qualquer clima, a televisão ou a Internet, e, claro, a sua própria identidade.
Os hotéis também têm atrativos para além da localização: o pequeno almoço, o conforto em qualquer clima, a televisão ou a Internet, e, claro, a sua própria identidade.
Temos tentado encontrar hotéis interessantes,
diferentes, bem situados, e com preços também interessantes e “bem situados” na
nossa escala de possibilidades.
A maior parte das vezes ficamos em sítios
competentes, simples e sem história, mas tem havido alguns lugares memoráveis
(e não, não eram hotéis gourmet...).
Já ficámos em sítios completamente (e até
ultrapassadamente) “vintage”, como em Trento, em que o hotel deveria ter sido
frequentado por Casanova ou um qualquer galã do sec.XVIII: era extraordináriamente decadente mas igualmente
espantoso, cenário real de um filme histórico, tal como a família que o
dirigia, saída direitinha de um filme de Fellini.
Já ficámos em hotéis imponentes ainda com marcas de
uma grandiosidade passada, em pequenos
hotéis de bairro, em velhos hotéis em que não há propriamente turistas
estrangeiros, num mosteiro, num anexo de um palácio, mais propriamente no anexo
das criadas, mas, o ano passado, fomos passar férias numa prisão.
O cenário é inusitado e todo o pessoal do hotel
contribui para o acentuar, usando muitas vezes
roupas de presidiário. Mas ao contrário do que é normal numa prisão, fomos
muito bem tratados, as instalações eram belíssimas (até tivemos direito a sauna privativa...), o pequeno almoço era muito
bom, e tivémos muita pena quando viemos embora.
Nunca pensámos gostar tanto de ir para a prisão.
Talvez, com um pouco de sorte, se a crise abrandar e permitir a excêntricidade, voltemos a repetir a experiência.
Hotel Katajanokka, Helsínquia
Talvez, com um pouco de sorte, se a crise abrandar e permitir a excêntricidade, voltemos a repetir a experiência.
Hotel Katajanokka, Helsínquia
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