sexta-feira, 22 de julho de 2022

A Senhora do Socorro

 

Romaria do Socorro - 1980 (Foto Mário Matos)
Sarge, cinco de Agosto de 1978.
O dia começava a raiar e o grupo pôs-se ao caminho, na direcção da Quinta da Portucheira.
Minutos antes tínhamo-nos juntado ao pequeno grupo. O amigo Cunha tinha-nos proporcionada a possibilidade de fazermos a caminhada com eles.
Algumas horas depois, já com o sol mais alto, parávamos no local habitual para petiscar alguma coisa (o “hotel”) e descansar um pouco as pernas, antes da etapa final. Esta era um bocado mais “violenta”: a subida da encosta. No nosso caso, pela Cadriceira e Casal de Barbas.
Chegamos à festa a meio de manhã.

A Serra do Socorro é um dos pontos mais altos da região. Diz a gente do mar que, após se avistar a serra de Montejunto, a Senhora do Socorro é a referência que surge a seguir.
Confluência de três freguesias (Turcifal, Dois Portos e Enxara do Bispo) em dois concelhos (Torres Vedras e Mafra), de lá vislumbra-se uma paisagem fabulosa.
Foi habitada na idade do ferro (havendo vestígios de um antigo castro), serviu de posto de comunicações nas invasões francesas, mas é a sua pequena e singela igreja que todos os anos leva centenas de pessoas ao seu cimo.

A Igreja, que remonta ao séc. XVI, sofreu com o terremoto de 1755 e com um incêndio em 1996.
Com o exterior caiado de branco, simples e pequena, apresenta uma capela-mor barroca, mas nesse dia a abarrotar de gente.
Cá fora, num pequeno coreto, a banda, que depois acompanhará a procissão em volta do cimo do monte, dá o ambiente ao local.

Não sei se é pela vista deslumbrante, se pela respiração ofegante, fruto da subida, mas o ar custa a entrar. Depois de se parar na chegada, tudo parece acelerar. O ambiente calmo do caminho transforma-se numa azáfama ruidosa que só ira acamar, mais tarde, com a saída da procissão, liderada pelo lançamento ininterrupto de foguetes ao longo do seu trajecto.

Mais tarde voltei lá, num dia em que não havia festa. A paisagem deslumbrante mantinha-se. Só o ruido deu lugar ao vento.
Tudo agora era calmo, transformando a capela, quase vazia, e todo o espaço, num aconchegante lugar para estar.

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